Havia várias noites que dormia sozinha e ao acordar em plena a madrugada, lá estava ele.
Era lindo como um anjo, mas com um sorriso safado, que me fazia pensar em um adorável demônio.
Algumas vezes ele se contentava em ficar sentado na poltrona, que tinha próxima a minha cama, a me observar, mantendo o rosto coberto por seu chapéu branco, do estilo daqueles que os famosos malandros da Lapa usavam... No entanto, não cobria o suficiente, para esconder os longos cabelos loiros ligeiramente encaracolados e nem o sorriso diabólico, um tanto sedutor, que ele sempre tinha no rosto. Especialmente quando queria exibir seus ameaçadores e pontiagudos caninos.
Sendo que em outras noites, ele se metia em meio as cobertas, me abraçava forte, como que temendo que eu fugisse e lá ficava, até eu voltar a inconsciência do sono.
Só que aquela noite ele se surpreendeu, ao me ver desperta em meu leito. Ele havia deitado em minha cama, usando de movimentos sutis, que eu não teria percebido sua presença, se não tivesse acordada.
Por um breve instante nos olhamos fixamente, mas nada foi dito.
Ele hesitava. Devia está certo que eu dormia, como nas tantas noites antes daquela. Sua hesitação indicava em sua face, que os planos cuidadosamente traçados para aquela noite, não incluía eu estar acordada.
Sei que devia correr, gritar, resistir... Mas não o faria. Meu destino havia sido traçado. A única escolha que tinha, era de ter uma morte violenta, caso tentasse fugir, ou uma prazerosa nos braços do meu anjo noturno.
Ergui a mão, para alcançar seu rosto, enquanto ele continuava estático sobre mim. Acariciei seu rosto e segurando-o pela nuca, o puxei para perto e toquei seus lábios com os meus. O beijei demoradamente.
Eu dei uma última olhada em sua bela face, fechei meus olhos e virei o meu rosto para o lado, deixando o pescoço desprotegido diante dele. Dando-lhe a permissão de fazer o que tinha que fazer, já que parecia que ele precisava.
Por um momento pensei que o vampiro não aceitaria o convite, mas então senti seus lábios tocarem meu colo. Deslizaram em suaves beijos, até encontra a minha jugular. E então veio a mordida.
Diferente das outras, dessa vez eu me deixei entregar a sensação alucinante, que a mordida do vampiro sempre causava. Afinal, era uma boa forma de morrer.
Não sei bem o tempo que demorou para tudo cessar, pois diferente das outras vezes, a sensação de prazer foi seguida de uma fraqueza, que não me permitia sequer abrir os olhos, o que diria consultar as horas no relógio da cabeceira.
“Por que é tão difícil matá-la?”
Escutei a frase ser pronunciada ao longe, muito fraca, mesmo sabendo que o vampiro ainda estava em meus braços, me segurando com o mesmo desespero de sempre, como se temesse que eu fugisse dele. Então pensei, com certa amargura, antes de ficar inconsciente, que mesmo que ele não tivesse coragem de terminar o que havia começado, com certeza havia se esforçado e tentaria novamente.
K.R.
Relato de uma amiga, transcrito por Kane Ryu.
Nota: Esse conto, na verdade, é um trecho de 'Segredo da Escuridão' e foi postado aqui (em forma de conto), especialmente para Vivianne Fair, a qual queria muito conhecer um certo vampiro loiro.
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Uau.... Muito legal e sexy além de interessante... Vou ler as outras mais tarde...
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